terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mudei meus paradigmas: "A Bruxa de Blair" não é o pior filme de todos os tempos


Abro os trabalhos no blog (sem nenhuma conotação religiosa afro-brasileira) para comentar a experiência antropológica da sessão dupla das 19h15, válida pela Mostra Competitiva do Festival do Rio 2007. Sim, antropológica, pois ao adentrar o charmoso Odeon BR, no Centro do Rio, é possível deparar-se com as mais diversas manifestações culturais, sociais, sexuais, entre outras. Mas filme que é bom, muito pouco...

Nesta postagem serei alvo de comentários dos defensores da pureza e da experimentação da Sétima Arte, mas afirmo com todas as letras: "Diário de Sintra", de Paula Gaitán, até hoje é o pior filme que já assisti, superando (com louvor) "A Bruxa de Blair". A película dirigida pela víuva de Glauber Rocha segue a linha do "pseudo horror movie" ianque, na categoria "vai acontecer alguma coisa, agora vai, ainda não, acabou". Promete muito e diz muito pouco.

Quem foi ao belo Odeon para ver imagens raras do genial cineasta baiano do Cinema Novo teve que se contentar com experiências estéticas sem sentido, sem ligação alguma, ou cronologia. Posso ser antiquado, mas documentário pra mim tem que ter roteiro, edição precisa, objetividade e foco para não cair na narrativa meramente didática e arrastada. Fiquei com a sensação de assistir a um "Arquivo Confidencial" do Faustão dirigido pelo Glauber, com direito a toda agonia e desconforto proporcionados por seus filmes feitos no melhor estilo "câmera na mão e uma boa idéia na cabeça".

Ao retornar a cenários e retomar cenas da família no exílio em Portugal, esperava-se alguma informação mais relevante sobre o criador de Deus e o diabo na terra do sol (1964), Terra em transe (1967) e O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969). Aguardei ansiosamente por depoimentos, personagens da vida de Glauber Rocha em sua estada na Europa (até 81). Em determinado momento, pensei que iriam fundar a "Igreja Glauberiana dos Próximos Dias", tamanha profusão de objetos pessoais, fotos organizados tal qual um altar, quiçá "relíquias".

Enfim, uma decepção que só não foi maior porque consegui pagar apenas "oito real" (o ingresso custava R$ 13) na mão de uma pessoa sensata que desistiu antes da sessão. Ah, ia esquecer de comentar o curta que abriu a sessão, "Réquiem", de Felipe Duque. Feito em animação e uma narração irritante, é algo digno de projeto de faculdade. Serviu para levantar a discussão sobre os critérios de avaliação da Petrobras para selecionar projetos audiovisuais. Mas isso é papo pra outro "post". Vou me preparar para os comentários revoltados...

4 comentários:

Anônimo disse...

Cinema Brasileiro ja é complexo por natureza. Falta de recursos e tecnologia são lugar comum, mas somar a isso falta de roteiro, direção e uma história bem contada e montada, certamente agravam muito a nossa realidade de emergentes... Imagino quão tosco deve ter sido para críticas tão severas. Pô. Compra tropa de elite pirata. O marginal, sobretudo na nossa cidade maravilhosa é o que vende. Vamos todos virar bandidos... se é que já não somos no mínimo coniventes.

Adriana Barreiros disse...

Nossa, Leo, você me deixou aqui com uma água na boca pra não ver este filme, menino! Estou contando os minutos para ver outra coisa! hehehehehe
Eu não tive muita vontade de aparecer no Odeon. Tenho sempre a sensação de que estão escolhendo sempre por mim, e eu sou muito anárquica quanto ao meu lazer e a arte que quero ver...
Valeu as 'dicas', rs
Bjks,
Adri (m-música)

Anônimo disse...

É meu amigo, gostei do seu post e tirei uma conclusão, sou um sem cultura! hahaha...
Não conheço nenhum desses que você citou, mas seu post está muito bom.
Fica na PAz meu irmão!

GLOTA disse...

Po Leo tu exagerou 'A Bruxa' é ruim, mas nem tanto...rs
Sobre o Odeon, cara tambem concordo, precisamos melhorar nossos espaços cult, nosso cult perdeu ta perdendo o sentido de cultura, estamos cada vez mais pobres...
Agora Réquiem também não me agradou, deve ser por isso que o produtor Tarcísio Vidigal (do Grupo Novo de Cinema), que depois de assistir a "Réquiem", divulgou que quer levar às telas "A turma do Pererê", do Ziraldo..hehe
Ta show o Blog agora fala de coisas boas...rsrsrs comentar de coisa ruim é muito ruim rsrs