sábado, 20 de outubro de 2007

Cenas de intolerância explícita

Fiquei chocado com essa matéria da Agência Estado. É um absurdo que isso ainda aconteça em pleno século XXI: "Pereira alegou que a queima de imagens é uma prática comum nos cultos da Universal". O mundo não vai avançar enquanto não houver o respeito à diferença.

Pastor queima imagens sacras cadastradas no Iphan
Sex, 19 Out, 08h37

O pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) Fábio Guimarães da Silva Pereira queimou, durante um culto, duas imagens da história missioneira cadastradas no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ele havia retirado as estátuas da casa de uma família que era fiel depositária das peças em troca de orações para curar um doente. O pastor responde por crime contra o patrimônio histórico na 3ª Vara Cível de São Borja, no Rio Grande do Sul.

Pereira alegou que a queima de imagens é uma prática comum nos cultos da Universal. Mas garantiu não saber que as duas imagens, uma do Senhor Morto e outra de São Pedro, eram cadastradas no Iphan.

A denúncia ao Ministério Público foi feita pelo diretor de Assuntos Culturais do município, Fernando Rodrigues, no mês passado, quando a família Chagas resolveu fazer a doação para o museu municipal de oito imagens de madeira das quais era guardiã. Na ocasião, Oraides Chagas informou Rodrigues de que o pastor havia levado as duas imagens. Orientado pelo Iphan, o diretor procurou a Polícia Federal e o Ministério Público, que representou contra o pastor.

São Borja é um dos Sete Povos das Missões, fundado em 1636 pelos jesuítas como uma redução de índios guaranis. Dessa época, restam apenas 82 peças no estilo barroco jesuítico, todas tombadas pelo Iphan. Dessas, 35 estão no Museu Municipal Aparício Silva Rillo, 13 encontram-se em poder da Igreja Católica e as outras 34 estão espalhadas por casas de família que já detinham a posse delas.

A família Ayala Chagas, moradora de um bairro pobre da cidade, conservava em seu poder oito imagens que foram salvas de um incêndio em uma capela próxima de sua casa na primeira metade do século passado. Oraides Chagas contou que havia cinco gerações eles vinham cuidando das estátuas em um pequeno oratório na sala da residência. Com a doença de seu marido, Leôncio Ayala Chagas, que sofria de câncer, Oraides recorreu às orações do pastor para curá-lo. Em troca, ele exigiu as estátuas para queimá-las em um culto. Chagas morreu de câncer em julho e os filhos procuraram o museu para fazer a doação com o objetivo de salvar as outras estátuas.

Fonte: Agência Estado
http://br.noticias.yahoo.com/s/19102007/25/manchetes-pastor-queima-imagens-sacras-cadastradas-no-iphan.html

4 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, Leo.
Os valores foram deixados pra trás, hoje em dia, tudo é feito segundo o que "dá na telha" e, creio que é por isso, que estamos onde estamos!
Pra frente é que se anda, mas valores são indispensáveis!
Não apoio o ato desse pastor e, muito menos, as crenças da IURD.

Falô!
Beeeeeeeeeeeeeeeeijos!

Leo Felix disse...

Hoje há a prevalência dos interesses particulares e financeiros, como tanto foi acusada a Igreja Católica na Idade Média. A bola está com a IURD e com as demais "caça-níqueis".

Anônimo disse...

"Mas garantiu não saber que as duas imagens, uma do Senhor Morto e outra de São Pedro, eram cadastradas no Iphan."

Teria feito alguma diferença? Quero dizer, se ele soubesse que eram cadastradas, teria deixado de depredar só pra não responder à pena correspondente? Não continua sendo uma tremenda falta de respeito, em primeiro lugar à arte? Absurdo, absurdo...

Anônimo disse...

Foi um prazer conhece-lo no barcamp rio, boa sorte na luta! Abraços, Richard.